Até antes do início da crise imobiliária norte-americana - que serviu de estopim para todo esse caos que se instalou na economia mundial - a credibilidade do economista Nouriel Roubini poderia ser comparada à de um desses líderes de seitas que vivem anunciado o fim do mundo para a semana que vem.
Não que ele não tivesse os predicados necessários para ser ouvido. Nascido em Istambul numa família de judeus iranianos, Roubini se radicou nos Estados Unidos. Hoje, aos 51 anos, ocupa a cadeira de professor de Economia da Universidade de Nova York e é sócio da consultoria RGE Monitor. O seu ph.D., na Universidade Harvard, foi desenvolvido sob orientação do economista Jeffrey Sachs
Já ocupou vários cargos na Secretaria do Tesouro dos EUA e foi economista-sênior do Conselho de Assessores Econômicos do governo americano no segundo mandato de Bill Clinton (1998-1999).
O problema é que, em 2006, quando a economia mundial ainda estava em pleno processo de expansão, Roubini começou a lançar alertas de que um tsumani estava chegando. A primeira vez que tocou no assunto, em uma palestra realizada na sede do FMI, em Washington, risadas estouraram na plateia. Foi mais ou menos como se ao invés de estar em frente a um economista, o público estivesse diante de um artista de stand-up comedy.
Agora que as previsões se confirmaram com um nível de acerto admirável para um economista (me desculpem aí meus amigos da Economia, mas eu não poderia perder essa oportunidade!), Roubini se tornou um pop star dos mercados. Todo mundo quer ouvi-lo. Suas previsões catastróficas - ou "realistas", como ele prefere - sobre o momento atual já fizeram, inclusive com que ele ganhasse um apelido que parece o nome de um dos X-Men ou de um vilão dos quadrinhos da Marvel. Ele é o "Doutor Apocalipse" ou "Dr. Doom", na versão em inglês.
Quando muita gente começa a achar que a crise já está passando, Roubini ainda lança alertas de tempestade. A recente recuperação das bolsas, por exemplo. Na quinta-feira, 30 de abril, a Bovespa fechou acumulando uma alta histórica para o mês de abril.
Poucos dias antes, em 21 de abril, numa conferência em Hong Kong, "Mr. Doom" disse que a valorização em curso das bolsas ao redor do mundo não era sustentável. “Não há uma verdadeira recuperação”, disse Roubini. “Há, apenas, um movimento que é gerado por movimentações oportunistas”. Segundo ele, a economia norte-americana não voltará a crescer antes de 2010 e, este ano, deve contrair-se mais de 2%. O desemprego nos EUA, acrescentou, continuará a subir até os 11%. Tudo isso terá forte repercussão nos mercados mundiais.
O economista sustentou que a situação do sistema financeiro ainda é muito negra e alertou para o surgimento de “novos e inesperados choques” nas bolsas.
É melhor começar a construir a arca.
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