Monday, April 27, 2009

"O mundo está em chamas"

Depois da queda, o coice.


A economia global nem bem caminha para um processo de recuperação - se é que se trata mesmo de recuperação - e chega a gripe suína para colocar mais lenha nessa fogueira. Falando nisso, o autor da frase que dá título a este post é o ministro Guido Mantega. A afirmação foi feita final de semana passado no Fórum do Desenvolvimento, que reúne presentantes do FMI e do Banco Mundial.

Da mesma forma que ninguém pode prever comexatidão como a economia global se comportará nos próximos meses, também é impossível mensurar os efeitos da doença neste cenário recessivo. Tudo vai depender da capacidade de se controlar o avanço da gripe.

Uma coisa, porém, é certa. Diante de mercados nervosos, a tendência é que a gripe suína assuma, neste momento, uma importância muito grande. Talvez maior do que teria se o surto tivesse ocorrido num período pré-crise.

O protecionismo já se consolida como uma tendência forte na economia global e com efeitos que devem se refletir no longo prazo. No Brasil, por exemplo, os contratos de empresas de exportação caíram, este mês, ao menor nível dos últimos 11 anos. 

Se já havia uma barreira sendo construída em relação aos produtos, agora o muro está sendo erguido para as pessoas. 

A perspectiva de expansão da gripe suína vai reduzir a circulação de turistas entre os países. O primeiro efeito disso é a queda das ações de empresas ligadas ao setor turístico e das companhias de aviação. Que já está acontecendo.

E, assim, chegamos a um ponto importante. A "desglobalização". Não é de hoje que especialistas vem alertando para esse risco: uma retração importante nos fluxos de capital e de mercadorias no mundo. Os efeitos disso, mais uma vez, ninguém consegue mensurar ao certo, mas existe uma tendência nesse sentido que vem sendo percebida e não é de hoje. 

Um dos primeiros a falar sobre o assunto foi o ultra-conservador professor de História de Harvard, Niall Ferguson. Veja aqui uma entrevista que ele deu para o Jornal da Ciência em 2005. Na época ele disse que vivíamos um momento semelhante ao pré Primeira Guerra Mundial e que a desglobalização viria pelas mãos de uma crise política - que necessariamente não está descartada. No entanto o mais provável é que a desglobalização se instale como efeito da atual crise econômica. A entrevista está um pouco datada, mas é um interessante documento histórico.

Anda sobre o assunto, existem boas discussões aqui e aqui.

Em breve, volto ao tema.

1 comments:

Anonymous said...

Este blog é muito chique,as leituras são em inglês.
Só mesmo uma jornalista globalizada dessas para fazer tudo isso. Parabéns pelo blog,

Ana Marcia