Recentemente eu participei de um debate muito interessante promovido pelo Idesp sobre os efeitos da crise econômica no Pará.
Foi ótimo. Poucas pessoas, mas todas muito interessadas. Muitas dúvidas surgiram, assim como muitas informações foram trocadas.
Tive a oportunidade de ouvir a palestra do economista Danilo Fernando, professor da UFPA. Ele apresentou um quadro geral da crise, apontando as principais certezas e incertezas do momento.
Como se sabe, a economia mundial hoje está bipolar. Alterna momentos de euforia e de depressão - felizmente, neste último caso, não no sentido econômico da palavra.
Mas existem, sim, algumas certezas, como explicou o economista.Uma delas é que a crise vai marcar o fim dos grandes saldos comerciais.
Nada mais lógico. A riqueza do mundo encolheu. Trilhões de dólares, que não existiam de fato mas que eram negociados como se existissem, desapareceram do globo (tá vendo, economia também tem um pouco de física quântica!). Com menos dinheiro, a tendência é os preços caírem.
Somado a isso temos também o crescimento do protecionismo dos países. Esse é,aliás, um ponto interessante. Para consumo externo, todos os dirigentes mundiais fazem discursos contra o protecionismo dos mercados. Em casa, porém, aumentam as barreiras para a entrada de produtos estrangeiros.
É uma tendência natural. Com suas economias internas fragilizadas, os países precisam adotar medidas de estímulo à indústria nacional. E uma das formas de se fazer isso é restringir a entrada de importados.
E ai eu pergunto: Como é que fica o Pará? Nossa economia tem uma base exportadora forte. Nos últimos dez anos, pelo menos, fomos favorecidos por um cenário externo de preços supervalorizados. Nossas exportações cresceram muito. Nossa balança comercial acumulou saldos astronômicos.
Agora, com o mundo menor. Vamos sentir o baque.
O me leva a pensar que nosso estado nunca conseguiu fazer a economia avançar além de ciclos econômicos baseados em commodities. Não temos uma economia estável. Nunca tivemos.
Já vivemos o ciclo da borracha, da madeira - entre tantos outros - e agora a crise nos pegou em pleno ciclo do minério.
O Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) desenvolveu uma teoria para explicar a dinâmica do setor florestal no Pará, mas que, na minha opinião, pode ser aplicada a toda economia paraense. É a teoria do "Boom Colapso". Num primeiro momento crescemos muito e depois caímos vertiginosamente igual a uma montanha russa.
O governo do Estado tem agora uma boa oportunidade para tentar reverter esse quadro. Avançar além da economia centrada em produtos primários destinados à exportação e estimular uma indústria de base local com incorporação de tecnologia. É fundamental também, para consolidar essa nova base, centrar as atenções no estímulo às empresas de pequeno e médio portes.
Ou então vamos continuar vendo o bonde da história passar.
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