Acabei de conversar com uma grande amiga jornalista, que me lembrou um aspecto importante sobre a postagem aí de baixo.
Wednesday, April 29, 2009
Enxugando Gelo II
Posted by Simone Romero at 9:11 AM 0 comments
Labels: comunicação
Enxugando gelo
O governo do Estado anunciou medidas para cortar os gastos da máquina pública. Nada mais acertado em tempos de crise. A verdade é que o pacote de bondades do governo federal, destinado a estimular o consumo interno, atingiu em cheio importantes tributos compartilhados, como o IPI.
Posted by Simone Romero at 6:35 AM 0 comments
Labels: finanças públicas, governo
Tuesday, April 28, 2009
Eu consumo, tu consomes e nós nos endividamos
O Banco Central divulgou na sexta-feira, 24 de abril, a pesquisa anual "Diagnóstico do Sistema de Pagamentos de Varejo do Brasil".
Alguns pontos importantes da pesquisa:
- O uso da função débito cresceu 23,5% em 2008 ante 2007 e o cartão de crédito teve expansão de 14,8% na mesma base de comparação.
- O cartão pagou 53,8% de todas as compras feitas no varejo no ano passado. Em 2007, era o meio usado em 50,3% dos pagamentos.
- O ano passado terminou com R$ 2,1 bilhões de compras pagas com cartão de crédito no Brasil. Outras 1,373 bilhão de operações foram pagas com cartão de débito em conta. Desde 2003, o uso da função crédito do cartão saltou 129% e a utilização do débito aumentou 217%.
- No fim de 2008, os brasileiros carregavam 207,9 milhões de cartões de débito nas carteiras. O número é 14% maior que o registrado em 2007 e mostra que, na média, cada conta possui 1,65 cartão de débito. O número de cartões de crédito aumentou 12,2% no mesmo período, para 132,1 milhões de unidades em circulação - o que corresponde a 1,05 cartão por conta.
- Ao mesmo tempo, o uso do cheque continua caindo. Em 2008, o comércio recebeu 1,373 bilhão de folhas de cheque, número 5,2% menor que o visto no ano anterior. Na comparação com 2003, a redução é de 36%. Segundo o estudo do BC, essa migração dos pagamentos em cheque para o cartão acontece principalmente nas compras de menor valor.
Bom, e onde eu quero chegar? No perigo que a expansão do uso dos cartões de crédito representa para o orçamento doméstico.
O risco é maior ainda agora, com o governo criando toda uma série de estímulos para o consumo. Já se fala, inclusive, em espandir a isenção de IPI para produtos como os ventiladores. Os efeitos desses pacotes de bondades sobre os orçamentos estaduais e municipais será tema de uma outra postagem.
Agora, eu quero me concentrar nos efeitos sobre o consumo. Em primeiro lugar é preciso destacar que o governo está certo ao estimular o consumo interno. Essa é uma medida importante para a crise. Com os mercados internacionais fechados neste momento, a indústria brasileira, para manter o nível de atividade, vai precisar apostar na clientela brazuca.
O problema é que o brasileiro, na média, ainda não aprendeu a consumir de forma consciente. No Pará, por exemplo, um estudo reservado do Banco Central aponta para um crescimento preocupante do endividamento. Preocupante porque endividamento significa comprometimento do consumo futuro. Ou seja, uma bomba pode estourar lá na frente. E se estiver somado ao crescimento da inadimplência vira calote em proporções que podem levar a uma quebradeira no comércio local.
Aliás esse crescimento do endividamento explica muita coisa para mim. Explica, em parte, porque o mercado de Belém esteve qualhado, nos últimos anos, por lançamentos imobiliários de alto padrão eporque tem tanto carro novo circulando pela cidade.
Explica também porque boa parte desses lançamentos imobiliários está parado agora, mas isso, também, eu vou comentar mais oportunamente.
Já observei que o paraense não foge à regra da média do consumidor brasileiro. É imediatista na hora de adquirir bens. Não planeja. É planejamento é fundamental.
Quer ver um erro comum? É contrair uma dívida simplesmente baseando-se no seu valor, sem avaliar a capacidade de pagamento embutida no orçamentodoméstico.
Uma prestação de R$ 200 pode parecer aceitável para quem ganha R$4 mil, mas antes de contrair a dívida é fundamental somar todas as despesas fixas e variáveis doorçamento mensal para saber se esses módicos R$200 não vão se transformar em algo pesado no médio prazo.
Outro erro bastante comum é pensar que a compra a crédito dispensa a necessidade de se fazer uma poupança prévia. Juntar algum dinheiro, mesmo que pouco, é importante porque, lá na frente, se surgir alguma situação inesperada (gastos inprevistos, por exemplo) há uma folga orçamentária para se trabalhar.
Comprometer todo o orçamento sem ter nenhum dinheiro guardado, isso sim é uma brincadeira perigosa: roleta russa é para os fracos!
Do dados divulgados pelo Banco Central sobre 2008, o mais preocupante é o avanço do uso do cartão de crédito.
Entre os paraenses - e no Brasil inteiro também não é muito diferente - há um número significativo de pessoas que usam o cartão e o cheque especial como forma de complementar a renda mensal. Nada mais explosivo.
Para entender melhor o que eu quero dizer, dá um pulinho no blog produzindo.net e leia este artigo. Ele mostra a diferença entre uma boa e uma má dívida.
É difícil e, na maioria dos casos pode ser traumático, mas a única forma de evitar se tornar escravo de dívidas é ter um padrão de vida compatível com o orçamento.
Nada mais fácil e nada mais complicado.
Então, o que fazer agora? Enfiar todo o dinheiro debaixo do colchão? Não necessariamente. Com um pouco de sabedoria é possível aproveitar o bom momento para comprar. O blog dinheirama tem um excelente artigo sobre o assunto.
Posted by Simone Romero at 6:51 AM 0 comments
Labels: finanças pessoais
O bom e velho Marx
Não, não estou falando do Groucho - apesar de gostar muito dele também. Estou falando do Karl, aquele que previu - quando o capitalismo ainda não era tão avançado - que esse sistema econômico estava fadado a permanentes ciclos de crise.
Posted by Simone Romero at 5:37 AM 1 comments
Labels: crise mundial, economia
Monday, April 27, 2009
"O mundo está em chamas"
Depois da queda, o coice.
Anda sobre o assunto, existem boas discussões aqui e aqui.
Em breve, volto ao tema.
Posted by Simone Romero at 5:56 AM 1 comments
Labels: desglobalização, economia
Friday, April 24, 2009
Até quando?
Recentemente eu participei de um debate muito interessante promovido pelo Idesp sobre os efeitos da crise econômica no Pará.
Posted by Simone Romero at 6:37 AM 0 comments
Labels: comércio exterior, economia
Thursday, April 23, 2009
Vale quanto pesa
Esse era o nome de um sabonete "meia-boca" muito popular na década de 80. Mas não é o sabonete o assunto deste post. Eu quero mesmo é falar sobre a Vale, a mineradora que pesa, e muito, na balança comercial e na economia do Pará. A empresa, como de resto todas as grandes companhias mundiais do ramo de commodities, está sentindo o impacto da crise.
Na última semana, a Vale emitiu dois comunicados importantes para nós, paraenses. O primeiro deles é que vai oferecer um desconto de 20% no preço do minério de ferro. Também sobre o minério, anunciou que vai negociar por último os seus contratos. É a primeira vez, pelo menos desde que foi privatizada e se transformou em um gigante multinacional, que a mineradora deixa de liderar as negociações sobre o preço do ferro.
O segundo deles é que vai atrasar em pelo menos um ano a entrada em operação do projeto Onça Puma, de produção de níquel em Ourilândia do Norte. O atraso se deve, segundo a empresa, à dificuldade para obtenção de licença ambiental. Ah, então quer dizer que não tem nada a ver com o fato de o preço internacional do níquel ter caido mais de 70% em doze meses? Ok. A mineradora decidiu ainda paralisar por oito semanas - entre 1º de junho e 27 de julho - as minas e usinas de beneficiamento de níquel de Sudbury, na província de Ontário, Canadá.
Bom, estamos começando a chegar ao ponto. No extremo norte do continente, o anúncio levou o governo canadense a exigir, imediatamente, explicações da Vale sobre os motivos da paralisação. Aqui... Bem, aqui no Pará ficou todo mundo calado. O governo do Estado não moveu um músculo. Se fingiu de morto. Não cobrou uma explicação do senhor Agnelli.
Se cobrou, fez tudo muito escondido. Não noticiou nem no site do governo. É verdade que a imprensa local dificilmente divulgaria uma linha sobre o assunto, mas essa é outra conversa. Ao não se pronunciar, o governo do Estado assinou, para o setor empresarial, o atestado de que realmente não têm agilidade suficiente para liberar licenças ambientais. Assumiu a responsabilidade pelo atraso do projeto Onça Puma.
A queda nos preços internacionais das commodities minerais vai provocar mudanças no cenário das grandes mineradoras. Aliás, já está provocando. E as consequências dessa mudança de quadro podem ser desastrosas para o nosso Estado.
Posted by Simone Romero at 9:18 PM 3 comments
Só não vê quem não quer
O prêmio Nobel de Economia Paul Krugman é um dos meus gurus. Tanto assim, que o blog dele no NY Times está encarapitado aí do lado, juntinho do Quinta Emenda. Leio diariamente e recomendo.
Ele tem, junto com outras leituras, me facilitado a compreensão da crise econômica atual.
Recentemente ele postou um gráfico muito interessante comparando a evolução da economia durante a crise de 29 com a situação atual.
Como é possível ver e o próprio Krugman diz na postagem, antes que a economia mundial começasse de fato a se recuperar e enquanto ainda estava caminhando para o fundo do poço, o mundo apresentou vários picos de crescimento que foram imediatamente anunciados - todos eles, sem exceção - como o "início da recuperação".
Penso que é isso exatamente o que ocorre hoje. E tem muita gente boa concordando comigo. O grande medo atual é a possibilidade de ainda não termos chegado ao fundo.
Tenho ouvido muitos comentários sobre a crise. É um assunto que me interessa. Alguns são de amargar.
Ontem mesmo, chegando em casa ,liguei a TV e lá estava o tal do Jô Soares e as "Meninas do Jô"- tudo força de expressão,é claro.
Uma delas - É um grave defeito meu e quem me conhece sabe disso muito bem: tenho problemas com nomes -, não lembro quem (só lembro que usava uma blusa verde horrorosa com uma segunda pele preta por baixo. Uma combinação absolutamente nada a ver com a idade que me fez pensar nos modelitos usados por.... ai, ai, ai, deixa eu voltar para o assunto original).
Pois bem, uma delas tascou um discurso em defesa do Estado Mínimo. O governo não deve interferir em nada.
Então, tá. Fica combinado assim: o governo não interfere em nada, os operadores financeiros fazem o que querem e depois se distribui a conta do prejuízo para a população pagar, não é?
A ideia de um mercado totalmente livre e auto-regulamentado - sinto informar, "menina do Jô" - acabou de se esfacelar. Ficou provado que ela só vale quando não existem grandes atores econômicos envolvidos. Quando os grandes começaram a quebrar, nós começamos a pagar a conta.
É preciso, é claro, salvá-los para evitar um mal maior. Mas é preciso, também, começar a colocar alguns limites nessas crianças desordeiras para acabar com a bagunça. Desliguei a TV com a certeza de que temos muito mais a aprender com a "Super Nanny" do que com o "Programa do Jô".
Posted by Simone Romero at 11:08 AM 0 comments
Labels: economia
Os limites da Liberdade
Já tem um tempo que eu venho pensando em criar um blog. A internet 3G recém instalada na minha casa acabou me estimulando a sair da pasmaceira e colocar o blog na rua. O outro motivo que me levou a sair do marasmo é esse debate sobre a liminar que proibiu a exibição de imagens chocantes nos jornais locais.
Por princípio, defendo a liberdade de informação. Mas também por princípio defendo os Direitos Humanos. Até aqui não há nenhum conflito. Afinal de contas, um dos direitos do ser humano é o direito à informação.
O problema é quando o direito à informação é usado para atingir a dignidade humana. É aí que a coisa pega. A liberdade tem um conceito muito complexo. Para que possa ser exercida de forma correta na sociedade ela carece de limites.
"O meu direito termina onde começa o do outro". É uma frase feita, mas nem por isso deixa de estar corretíssima. Existe um limite. Tem que haver.
Dito isso, é preciso também lembrar que existe uma diferença abissal entre informação e sensacionalismo. Existem fotos chocantes, clássicas, como a da criança africana prestes a ser devorada por um abutre. A da menina, nua e com queimaduras, fugindo em desespero na guerra do Vietnã.
São fotos chocantes, violentas, mas que devem ser publicadas porque, por sí sós, representam uma informação relevante. Elas possuem conteúdo jornalístico. São denúncias silenciosas sobre os horrores da guerra, sobre a grave má distribuição de renda no mundo.
Mas qual o conteúdo jornalístico de uma imagem que mostra pedaços do cérebro esfacelado de uma pessoa esmagada por um ônibus? Porque mostrar o cérebro em pedaços? Que informação relevante esse cérebro acrescenta ao texto da notícia? O que pesa mais nesta imagem? A denúncia sobre a violência no trânsito- cuja imagem poderia ter sido retratada de um outro ângulo - ou o interesse de vender mais simplesmente explorando a atração pelo mórbido comum ao ser humano? Essa foto sobrevive como informação relevante fora do texto em que foi publicada? São questões discutíveis.
Não concordo com o Bemerguy quando ele afirma que os jornais devem ter o direito de publicar as imagens e sofrer as consequências cabíveis. Quase sempre essas imagens envolvem pessoas de baixa renda, que têm acesso restrito à Justiça. E há, sim, em minha opinião, um flagrante desrespeito à integridade humana nessas imagens. Gostaria de ouvir um jornalista que seja capaz de dizer que deixaria um parente seu ser exposto dessa forma nas páginas de um jornal.
O senso comum aponta para isso. Qualquer pessoa sabe diferenciar uma imagem chocante mas jornalística de uma imagem sensacionalista.
Nós sabemos que as grandes empresas apenas defendem a liberdade de informação para terem o direito de informar aquilo que lhes é mais interessante, independente do que realmente tem relevância para a sociedade. Se é assim, sempre foi assim e sempre será assim, a sociedade também tem o direito de dizer o que quer ver na grande imprensa. Sem precisar mudar de jornal ou de canal. Existem limites e eles precisam ser respeitados.
Mesmo correndo o risco de apanhar dos colegas, eu não tenho nenhum problema em afirmar que defendo o controle social dos meios de comunicação.
Dou um exemplo. Tive a oportunidade de acompanhar a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, nos idos dos anos 90 quando ainda existia o extinto CBIA (Para quem não viveu essa época, era o Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência).
O Estatuto estabeleceu a proibição do uso de imagens de crianças e jovens em situação de risco e este mesmo debate que está sendo travado agora foi travado naquela época. Hoje, ninguém mais se atreve a questionar a validade do artigo. Ninguém se levanta para dizer que isso é uma forma de censura. Está consolidado. Não é censura. É avanço.
É assim que a sociedade avança. Aos soluços e com muita polêmica.
Posted by Simone Romero at 11:00 AM 3 comments
Labels: comunicação